terça-feira, 15 de julho de 2014

A leitura em ambiente virtual: um novo olhar para o hipertexto


A leitura em ambiente virtual é marcada pela não linearidade e pluritextualidade ou multissemiose, as quais caracterizam o hipertexto e tornam a leitura mais dinâmica e envolvente (XAVIER, 2010). No que se refere à não linearidade da leitura, percebemos que ela não é marca exclusiva da leitura em ambientes virtuais
[...] haja vista que as notas de rodapé, índices remissivos, sumários e divisão em capítulos encontrados nos livros tradicionais também oferecem ao leitor caminhos alternativos a serem trilhados [...] No entanto, esta é uma forma de recepção do texto pelo leitor e não uma regra constitutiva de sua confecção como no hipertexto. A inovação trazida pelo hipertexto está em transformar a deslinearização, a ausência de um foco dominante de leitura, em princípio básico de sua construção.  (XAVIER apud MARCUSCHI & XAVIER, 2010, p 213)
Essas peculiaridades da leitura em ambiente virtual incitam novas questões que passam a ganhar visibilidade nos estudos sobre a leitura. O que fazer diante do oceano de links que são dispostos na rede? Como navegar nesses links sem perder o foco da leitura? Onde fica a questão da autoria nessa rede de ideias conectadas por meios dos links?

terça-feira, 8 de julho de 2014

O internetês e o ensino da língua materna


Com as inovações propostas pela internet, a escrita e a leitura têm se tornado cruciais para garantir a interação entre os jovens. Como lembra Xavier (2005), “a intensa utilização do computador para a interação entre pessoas à distância tem feito muitos adolescentes efetivarem práticas de leitura e de escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização”. É preciso entender, no entanto, que essas práticas de leitura e de escrita diferentes da forma tradicional não acontecem apenas por um desejo de transgredir as normas, é preciso perceber que o contexto de uso acentua essa necessidade, é nesse ambiente que oralidade e escrita se aproximam e para poder melhor representar essa forma mais espontânea na situação comunicativa é necessário utilizar alguns recursos como as abreviações, os emoticons, os sinais de pontuação, entre outros. Na concepção de Travaglia (2003, p.18) “um falante com tal capacidade tem uma qualidade de vida muito maior, pois consegue se colocar como sujeito nas relações sociais [...] e utilizar a língua para a consecução de seus objetivos”. A compreensão de Travaglia sobre o falante/escritor usuário da língua em chats desmistifica, portanto, a ideia de um ser de vocabulário limitado, pois ao utilizar esse ambiente o escrevente se apropria de mais uma forma de comunicação, de mais recursos representantes da oralidade na escrita e consegue interagir de forma mais dinâmica nas relações com o outro via internet.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O ensino da produção escrita dos gêneros textuais: da teoria à prática

O ensino da produção escrita dos gêneros textuais é tema recorrente na atualidade por ser uma preocupação constante dos professores de Língua Portuguesa. Sabemos que são muitos os questionamentos em torno do ensino da escrita: que gêneros ensinar? como ensinar? Como despertar o interesse do aluno? Porém não podemos desistir diante das dificuldades, o que precisamos é nos apropriarmos dos estudos em torno do ensino da escrita para podermos desenvolver uma prática efetiva.
Para tanto, apresentamos a seguir

domingo, 30 de março de 2014

Narrativas orais: a flor de uma infância árida




Incrível como a felicidade encontra-se nos gestos simples da vida, quando estes são repletos de amor e verdade. Isso me veio agora, ao relembrar a forma como o universo da leitura foi-me apresentado. A leitura a que me refiro aqui não é a leitura dos clássicos infantis, mas à releitura que meu pai, semianalfabeto, fazia das histórias que ouvira ao longo de sua vida
A cada vez que me permito relembrar o passado, meu pai afigura-me como um gigante, um herói que, mesmo nas adversidades da vida dura de agricultor, não nos privou - a mim, a minha irmã e a meus três irmãos - dos momentos de alegria e prazer que uma boa história pode despertar numa criança. 

Lembro-me bem do quão maravilhoso era estar diante dele, ouvindo as histórias que ele recontava e até mesmo inventava. Geralmente, esses momentos aconteciam aos domingos à noite, pois ele exercia duas atividades paralelas para poder oferecer o básico, ou melhor, o necessário para nossa sobrevivência: durante o dia trabalhava na roça e à noite era vigilante do prédio da prefeitura de uma cidade vizinha. Assim, o domingo era o único dia em que meu pai passava a noite conosco. 

Nesses momentos ele, apesar do cansaço e da fadiga de uma semana exaustiva de trabalho, dedicava um tempo precioso de sua folga para nos contar as tão esperadas histórias. Quando, meu pai iniciava as narrativas, todos nós nos sentávamos ao seu lado e, concentrados, entrávamos em cada uma de suas histórias. É indescritível a maneira como ele prendia nossa atenção e como suas histórias afloravam nossa imaginação de crianças. Nesses momentos, sentia-me verdadeiramente feliz ao ponto de não querer que aquele momento acabasse. mas isso era inevitável: o cansaço sempre vencia meu pai e nós íamos dormir esperando que a semana acabasse rapidamente para que nós pudéssemos reviver esse momento mágico que, hoje, vejo como uma grande prova de amor de um PAI.

 

Alcione Costa